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Ex-presidentes Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Dilma Rousseff.

Opinião

02/08/2022

O que nos reserva o mês de agosto

Estamos em agosto — para os mais supersticiosos, mês de mau agouro. Independentemente das crendices populares, não resta dúvida de que é um mês marcante para a História brasileira.

Do suicídio de Getúlio Vargas, passando pela renúncia de Jânio Quadros e, mais recentemente, com o impeachment de Dilma Rousseff, agosto é mesmo um mês simbólico para a política nacional.

Para além de todo o imaginário coletivo, convém não duvidar das emoções que o mês reserva também neste ano. A agenda política marca eventos importantes e que podem ser decisivos para o futuro do Brasil em geral e, por óbvio, com possíveis reflexos também no Rio Grande do Norte.

Trata-se do mês, por exemplo, em que se dá de vez a largada para a campanha eleitoral. A partir do dia 16, os candidatos ficarão livres para tomar as ruas para realizar comícios e outros eventos voltados a sensibilizar o eleitor em busca de votos. Poderão também fazer propaganda na internet a partir da data. Nada a ver, porém, com o horário eleitoral na TV e no rádio, que só começa no dia 26.

No mesmo dia 16, está marcado outro evento que deveria ser meramente protocolar, mas, diante da fervura política do país, ganhou outro significado: a posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O magistrado vai presidir as eleições em todo o país e administrar em última instância toda a sorte de conflitos envolvendo fake news e as desconfianças lançadas (sem nenhuma prova, diga-se) sobre as urnas eletrônicas. O fato de ser um dos principais alvos de ataques e críticas do presidente Jair Bolsonaro, a ponto de já ter sido tachado de “canalha” por este, só piora o contexto. Em meio ao clima bélico estabelecido, resta aos brasileiros mais sensatos cobrar pela normalidade no funcionamento das instituições.

Agosto de 2022 abriga ainda duas agendas que, aparentemente, não possuem relação direta com o pleito eleitoral. Uma deles é o início dos pagamentos do programa Auxílio Brasil. Há quem veja a versão turbinada do programa como uma das últimas tábuas de salvação de Bolsonaro, um trampolim para suas intenções de voto, até agora flagradas em situação desfavorável pelas pesquisas, no comparativo com as do arquirrival Lula. Há uma curiosidade unindo direita, centro e esquerda sobre o efeito que o Auxílio Brasil terá no ânimo dos eleitores a um mês e meio do pleito.

Por fim, já está na internet e com ampla repercussão nas demais mídias a Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito, lançada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um manifesto que vem fazendo barulho desde que foi anunciado e que, em uma semana, já beira as 700 mil assinaturas. A carta será lida oficialmente em um evento marcado para a próxima semana, no dia 11, com potencial para ampliar sua repercussão, em um grande ato público em favor da democracia e do respeito ao resultado das eleições de outubro. Trata-se de uma clara reação aos arroubos antidemocráticos de Bolsonaro, por isto conta com sua já expressa antipatia.

Evidentemente que, como já ensinou Isaac Newton, para toda ação, há reação. Daí o clima de tensão vivido pelo país ser crescente, à medida que o calendário eleitoral avança. É preciso, como já se pregou aqui neste espaço, que as principais lideranças tenham responsabilidade no papel que desempenham e nos efeitos que provocam em grandes massas. Eleição não pode justificar o risco de levar o Brasil a retrocessos. A população também precisa fazer sua parte, atuando de maneira vigilante para barrar qualquer tipo de excesso, de quem quer que seja. Estamos em agosto e, apesar de todo o seu simbolismo, o alerta não vale só para o mês em específico. Todo o cuidado é pouco a partir de agora — e até que o país consiga seguir em normalidade, antes e após as urnas serem fechadas e seus vencedores, proclamados.

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