A campanha eleitoral, que na prática já ocupa as ruas e dispositivos digitais há algum tempo, agora chega para valer ao palanque da chamada mídia tradicional. O pontapé inicial foi dado no último domingo (7), com o debate realizado pela Band RN com cinco dos nove candidatos a governador — seguindo o critério dos que integram partidos e coligações com representação no Congresso Nacional.
Esta é a boa notícia, pois a variedade de fontes oferece mais opções para que os eleitores se informem sobre o perfil e as ideias dos que querem governar o Rio Grande do Norte de 2023 a 2026.
Mas tem também a má notícia: o debate da Band projetou um verdadeiro deserto de propostas para o Estado no próximo quadriênio.
O que se viu nas duas horas de debate foi muito superficialismo, um pouco de análise sobre a situação atual do Estado e praticamente nada de prognósticos reais para o futuro. Sem dúvida, uma primeira impressão que frustra os potiguares que são menos afeitos ao quadro político, porém muito preocupados com o lugar onde vivem.
Evidentemente, não é por falta de problemas no RN que os candidatos deixaram de fazer um debate produtivo. Está aí a escassez financeira cada vez mais severa que trava os investimentos próprios do Governo do Estado. Sem falar nos problemas crônicos nas áreas essenciais, sobretudo Saúde, Educação e Segurança Pública.
Ou seja, as carências do Estado não apenas existem, como são crescentes, pois se acumulam. Apesar disso, os postulantes se preocuparam mais com questões acessórias. Preferiram explorar contradições e pontos fracos nas biografias dos adversários. O que é também legítimo, mas diz muito pouco ao lado prático da vida dos potiguares e às necessidades de crescimento do Estado.
A governadora Fátima Bezerra (PT), por ser a atual detentora do cargo, naturalmente mostrou mais segurança na exposição das informações mais atuais do Governo. Também naturalmente, por pleitear a renovação do mandato e estar em posição mais favorável nas pesquisas, foi alvo preferencial das críticas e dos questionamentos dos adversários.
Fábio Dantas (Solidariedade) e Styvenson Valentim (Podemos) se esmeraram nas tentativas de enfraquecer a imagem da governadora, mas não conseguiram grande destaque. Styvenson conseguiu ser pior, mostrando despreparo no cômputo geral e desconhecimento em pontos específicos como a estrutura da UERN e o orçamento de outros Poderes.
Danniel Morais (PSOL) e Clorisa Linhares (PMB) cumpriram, ainda que involuntariamente, o papel que se esperava deles, de meros coadjuvantes. Com duas notas que merecem registro. A de Daniel, mais positiva, por ter mostrado um maior domínio sobre a realidade sócio-financeira do Estado e por não ter cedido à expectativa de fazer uma tabelinha esquerdista com a governadora. A de Clorisa, mais negativa, pela insegurança em vários temas e por protagonizar o momento mais pitoresco e apelativo do programa, rezando o Pai Nosso no bloco das considerações finais.
Uma pena. É muito pouco o que todos os candidatos mostraram para o carente Rio Grande do Norte. Carente já em recursos financeiros, em estrutura, em indicativos sociais e, pelo que se viu no debate da Band, também de um futuro promissor — ao menos, pelos próximos quatro anos. A impressão deixada pelos candidatos é a de que não dá para esperar grandes avanços para o Estado até 2026. Sobretudo, a impressão de que, independentemente de quem vença nas urnas em outubro, o perdedor será o Rio Grande do Norte.
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