Economia
31/03/2025
O custo do cacau disparou globalmente, com um aumento de aproximadamente 180% nos últimos dois anos, o que está refletindo diretamente nos preços de produtos de chocolate, especialmente para a Páscoa. Este cenário se agravou no segundo semestre do ano passado, devido à quebra de safra nos principais países produtores, principalmente na África.
A instabilidade no setor deve persistir nesta temporada, com a Costa do Marfim, o maior produtor mundial, enfrentando desafios significativos, como ondas de calor e seca.
“Isso vai influenciar o desenvolvimento da planta, a brotação e a formação dos frutos, e com isso uma menor oferta”, alerta Letícia Barony, assessora técnica da comissão nacional de fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Por outro lado, Gana, o segundo maior produtor, mostra sinais de recuperação, com o governo local divulgando indicadores que apontam para uma colheita promissora, o que pode reequilibrar a oferta. No Brasil, a expectativa é de aumento na produção, após anos de quedas, com o país se consolidando como o sexto maior produtor global, especialmente nos estados do Pará e Bahia, que respondem por mais de 90% da produção nacional, totalizando cerca de 300 mil toneladas anualmente.
“Percebemos ainda muita volatilidade e incerteza no mercado, tanto em relação à oferta quanto à demanda e, principalmente, aos preços dos produtos”, comenta Letícia Barony.
A CNA projeta um crescimento nas safras nos próximos anos, impulsionado por investimentos em áreas não tradicionais, como o cerrado baiano e novas regiões em São Paulo e Minas Gerais.
Entretanto, o setor de chocolates prevê uma diminuição de aproximadamente 20% na produção total de ovos de Páscoa em relação ao ano anterior. Apesar da retração, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicad) estima a contratação de cerca de 9.600 trabalhadores temporários, um aumento de 26% em relação a 2024, com a expectativa de que 20% deles sejam efetivados.
Conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os preços dos ovos de chocolate e produtos relacionados tiveram um aumento médio de 14%, enquanto as colombas ficaram 5% mais caras. Para enfrentar o aumento dos custos, o setor aposta na diversificação do portfólio, oferecendo produtos menores e mais variados.
A assessora técnica da CNA também destacou que o setor tem avançado em tecnologias que melhoram a produtividade. Esses avanços são essenciais para garantir uma produção eficaz e sustentável. Recentemente, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) participou de uma missão à África, onde foram assinados acordos de cooperação tecnológica para fortalecer a renda dos países produtores.
*Com informações de Agência Brasil
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