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Opinião

18/01/2023

Ainda dos tempos do Duque

Volto a escrever sobre a Escola Duque de Caxias, por ocasião do seu iminente centenário, como me informou o confrade Tião Maia. . Lá, fiz o antigo primário (da 1ª à 4ª série), o que corresponde hoje aos Anos Iniciais.

As lembranças dessa época me surgem esmaecidas, como slides. Mas algumas coisas ficaram cristalizadas na mente e no coração.

Ainda menina, a escola me parecia enorme. Como já escrevi antes, o corredor que ficava por trás das salas era uma grande avenida, à espera das nossas corridas desbravadoras. Lembro de uns pilares na frente das salas e de um pátio perto da cozinha.

Nessa época, Macau era tomada de lama. Eu morava na esquina da Princesa Isabel e, todas as noites, ao chegar do trabalho, mainha tinha a tarefa insalubre de varrer a lama preta que ficava alojada junto ao meio-fio. Por isso, eu vivia cheia de feridas de muriçoca. Certa vez, precisei ir para a escola com vários curativos nos pés, em virtude dos ferimentos e alergia às picadas.

Desse tempo, lembro-me também da sopa de feijão de D. Zulmira, servida em pratos plásticos azuis. Ansiávamos pela hora da merenda, que, às vezes, além da sopa, era mingau com biscoitos, cuscuz com soja, sardinha... o tempero da merenda do Duque nunca foi copiado em lugar algum aonde eu possa ter ido.

Tive como professoras Tia Mônica, Denise, Navegante Justo e D. Socorro. Cada uma com suas particularidades e sua dose de afetividade. Talvez não saibam, mas contribuíram significativamente com a minha formação educacional e pessoal.

No tempo do Duque, frequentei muitas vezes a Miscelânea de S. Manezinho (esposo da minha tia), em busca de canetinhas Pelikan, e a Sapataria Fátima de Chico do chinelo, por onde passava para conferir e reservar os objetos de desejo das crianças da época: bota da Xuxa, sandálias Sambinha e Samoa, tênis Bamba... Foi também, nessa época, que provei pela primeira vez um picolé de “rico”, o Chicabon, mimo do amigo Sandro Moretti e de cujo afago me recordo até hoje.

 

Das fugidas para a maré, das subidas clandestinas ao antigo prédio abandonado na Martins Ferreira (onde imaginávamos encontrar uma caveira), ao fim e ao cabo, havia certa poesia no tempo do Duque.

 

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