O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, admitiu, em sabatina ao Jornal Nacional, da TV Globo, a existência de corrupção na Petrobras durante seu governo. "Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)", disse o ex-presidente, que foi confrontado pelos desvios de recursos públicos na estatal.
Ele, no entanto, atacou a delação premiada. "As pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessarem, ficaram ricas por confessar", afirmou. O petista se esquivou de anunciar novas medidas para impedir a repetição de escândalos de corrupção caso vença a eleição. Ele afirmou ainda que "a Lava Jato ultrapassou limite da investigação e entrou no limite da política". "O objetivo era tentar condenar o Lula", disse o petista, usando a terceira pessoa.
Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), Lula foi preso em abril de 2018 e passou a cumprir pena em cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Foi solto um ano e sete meses depois, beneficiado por decisão do Supremo Tribunal Federal que derrubou a possibilidade de execução de pena após sentenciado em segunda instância.
Lula também não se comprometeu a manter a escolha do procurador-geral da República por meio de lista tríplice eleita pelos procuradores. Disse que só vai decidir isso depois da eleição. "Quero que eles fiquem com uma pulguinha atrás da orelha."
Com a fala acelerada, conseguia estender suas repostas sem permitir que os entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos o interrompessem. Confrontado com números da economia na gestão de Dilma Rousseff (PT), o petista buscou se dissociar da ex-presidente. Ele criticou a desoneração fiscal. "Dilma fez um primeiro mandato extraordinário. Mesmo assim, ela se endividou para manter as políticas sociais e (lutar contra o) desemprego", disse.
"Cometeu equívoco na questão da gasolina. Ela tinha uma dupla dinâmica contra ela. O Eduardo (Cunha) e o Aécio (Neves), que trabalharam para que não fizesse mudanças. Se um dia deixar a Globo, Bonner, você vai aprender que rei morto, rei posto."
Fonte: Estadão Conteúdo
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