A energia eólica offshore será um dos carros-chefe da “economia do mar” no Rio Grande do Norte. E a criação de um Cluster Naval no estado deverá fortalecer o ambiente de negócios em que a atividade nasce e vai se desenvolver junto com outras grandes cadeias produtivas.
A análise é do diretor do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Rodrigo Mello.
“O Rio Grande do Norte tem no ambiente marítimo uma série de cadeias produtivas de impacto, a exemplo do turismo, da produção de óleo e gás, da pesca e das exportações de frutas e sal”, diz ele. “É importante que a gente enxergue esse ambiente não somente como algo a ser desbravado. Mas como algo que coexiste na nossa economia e que impacta muito”, acrescenta.
A potência da região que registra essas atividades é reforçada com dados: “Quando você pega a soma dos municípios costeiros, o PIB (Produto Interno Bruto) desses municípios supera o PIB dos municípios não costeiros. Isso mostra a importância do impacto da zona costeira na economia potiguar”.
Mello analisa que a energia eólica offshore será, no médio prazo, a grande atividade nova a surgir com impacto no RN. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostram que dos primeiros 66 projetos de parques eólicos à espera de licenciamento ambiental no mar, no Brasil, 8 são para o Rio Grande do Norte. Esses projetos totalizam 15.854 Megawatts (MW) de potência – o que representa mais que o dobro da existente em parques eólicos em terra e uma média de 1.928 MW por empreendimento.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), os parques eólicos terrestres no RN têm capacidade instalada somada de 6.764,94 MW.
Empregos
A geração de empregos é um dos benefícios esperados com as eólicas no mar. A ABEEólica estima que serão 17 postos de trabalho para cada MW instalado. Isso significa que um parque eólico com vida útil de 25 anos e capacidade instalada de 2000 MW – média semelhante a dos projetos previstos para o RN – deverá precisar de 34.574 empregos para implantação. Perspectivas como essas, de acordo com Rodrigo Mello, trazem grandes oportunidades para a formação profissional.
O CTGAS-ER é a principal referência do SENAI no Brasil para formação profissional com foco em energia eólica. A instituição discute com a Maersk Training – maior empresa de treinamentos profissionais para a indústria de energia eólica do mundo – a possibilidade de desenvolvimento de soluções conjuntas na área. O assunto já esteve em pauta durante reuniões entre as partes no Brasil e na Europa. As discussões, segundo Mello, avançam.
Já parceira do SENAI no Rio Grande do Norte, a empresa está instalada no Habitat de Inovação do Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) da instituição, em Natal. O complexo é sede do ISI-ER e do CTGAS-ER. Também foi escolhido como endereço da FAETI – a Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do SENAI-RN, recém aprovada pelo Ministério da Educação, e do “Polo de Aceleração de Negócios em Energias Renováveis do Brasil”, que o SEBRAE-RN vai implantar no estado, para atendimento a startups e a micro e pequenas empresas de todo o país.
Grandes Fronteiras
Além da energia eólica offshore, outras grandes atividades diretamente ligadas à atuação do SENAI se mostram promissoras na economia do mar, segundo Rodrigo Mello.
“Foi anunciado recentemente um novo pré-sal de óleo e gás na Margem Equatorial do Brasil e o Rio Grande do Norte está incluído nessa área”, frisa ele. “Sem sombra de dúvida estamos diante de grandes fronteiras, de grandes atividades econômicas que deverão impactar ainda mais o nosso ambiente de offshore: A produção de energia a partir da fonte eólica e a produção de energia a partir do óleo e gás em camadas de águas profundas”.
Também é na economia do mar que outra grande indústria deve ganhar impulso: a do hidrogênio produzido a partir de fontes de energia renováveis, o chamado Hidrogênio Verde – um dos objetos centrais de estudo do ISI-ER. “A indústria do Hidrogênio no Brasil tirará proveito fortemente da produção de energia no offshore, mas não dependerá exclusivamente desta fonte”, diz ainda Rodrigo Mello, se referindo ao país como “um gigante de muitas possibilidades, com uma matriz energética extremamente diversa”.
As perspectivas que o horizonte mostra para a economia do mar, na visão dele, serão fortalecidas com o Cluster Naval. “O Cluster é um ambiente organizado de instituições e empresas que pretende dar rumo programático, planejado, ao que está acontecendo. Esse é o grande objetivo: Juntar todos esses atores, todos esses setores, para pensar de forma única como um setor de economia do mar e não cada um isoladamente. Pensando assim, entendemos que seremos mais fortes e teremos condições de produzir resultados superiores aos que temos”.
A proposta de criação do Cluster Naval começou a ser gestada este ano em meio a discussões do Sistema FIERN com a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) da Marinha – principal referência em engenharia estratégica no Brasil. Lideram essas discussões no estado a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte e o SENAI-RN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis.
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