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Opinião

06/10/2022

Eleição no RN deve marcar fim da carreira de grandes lideranças

Toda eleição produz imagens de comemorações, naturais pelos vitoriosos que passaram pelo funil das urnas. São fartas as fotos e os vídeos com sorrisos escancarados.

Mas há o outro lado, bem menos visível, mas tão palpável quanto: o lado de quem é derrotado.

Neste sentido, a eleição deste ano no Rio Grande do Norte é significativa porque seu resultado impacta fortemente em nomes importantes da cena política local. 

A lembrança mais óbvia recai sobre os Alves, que saíram das urnas ainda mais fraturados que em 2018, quando já haviam contabilizado resultados desastrosos. 

O ex-senador Garibaldi Filho (MDB) aparece à frente nessa lista. Nome que preserva reconhecido apelo popular no Estado, até teve uma votação expressiva na disputa de deputado federal, mas muito aquém da que recebia em outros tempos, quando superava a barreira de 1 milhão de votos. No fim das contas, a deste ano acabou sendo insuficiente para levá-lo a manter a cadeira hoje ocupada pelo filho recém-eleito vice-governador. Quatro anos antes, já havia perdido a reeleição para o Senado, sendo derrotado por Styvenson Valentim (Podemos). 

Se por um lado pode ser prematuro afirmar taxativamente que Garibaldi vai se aposentar da política depois deste novo revés, por outro é bem factível pensar nesta possibilidade. Até pela idade, será mais difícil para o emedebista concorrer a algum mandato de maior expressão nos próximos anos.

Raciocínio semelhante vale para o ex-deputado Henrique Eduardo Alves. Após se ver obrigado a migrar para o PSB, ao ser banido do MDB do qual foi um dos fundadores no Estado pelos primos Walter Alves e Garibaldi Filho (principalmente pelo primeiro), Henrique não conseguiu resgatar o legado deixado pelo pai Aluízio. Pior: não reverteu a rejeição histórica de grande parte do eleitorado ao seu nome, agravada pelos problemas políticos e judiciais que enfrentou em maior volume nos últimos anos. 

A votação de pouco mais de 11 mil votos é chocante por não refletir o tamanho que Henrique Eduardo Alves tem na política potiguar nas últimas quatro décadas. Mas é reveladora do esgotamento eleitoral do ex-deputado. É muito pouco provável que Henrique reúna condições de almejar novos voos eleitorais.

Carlos Eduardo (PDT) tem uma situação um pouco diferente dos dois primos. Por ter sido prefeito de Natal por quatro vezes, ainda detém um ativo político que está longe de poder ser desprezado na capital e maior colégio eleitoral do Estado. Nem por isso terá vida tranquila para se reposicionar politicamente, pois perdeu a segunda eleição majoritária consecutiva e tem uma base diminuta.

Está aliado ao PT atualmente e poderá ter oportunidade de se reerguer, sobretudo se vier a ocupar algum cargo no governo Fátima Bezerra ou mesmo no plano federal, caso Lula vença as eleições. Dependerá, de todo modo, de fatores alheios ao seu controle. Poderá, também, cogitar uma nova candidatura a prefeito de Natal em 2024, mas terá que agregar apoios, se seguir nessa direção. A começar do próprio PT, que tem pretensões notórias no pleito e tem em Natália Bonavides, a deputada federal mais votada deste ano, uma de suas opções.

A história mostra ao longo dos tempos que é contada sempre pelos vencedores. Caberá aos derrotados nas urnas potiguares deste ano a inglória tarefa de escrever uma nova história. Por todos os aspectos aqui mencionados, não será fácil.

Lista extensa

A relação de grandes nomes derrotados no pleito de 2022 não está restrita aos Alves. Tem muito mais gente. E lugar de destaque para os Rosados. Tanto na ala comandada pela ex-governadora Rosalba Ciarlini, quanto na da ex-deputada Sandra Rosado, o quadro pós-eleitoral é de terra arrasada em Mossoró.

Em queda

A situação de Rosalba é um pouco pior que a da prima. O deputado federal Beto Rosado (PP), cuja candidatura à reeleição era o maior projeto eleitoral do rosalbismo este ano, ficou em terceiro lugar. Terminou atrás de Lawrence Amorim (SDD), candidato do prefeito rival Allyson Bezerra, com três vezes menos votos, e até do vereador Pablo Aires (PV). 

Ladeira abaixo

Na eleição para deputado estadual, a participação de Rosalba resultou em desempenho ainda pior: Jorge do Rosário (Avante), um dos dois nomes apoiados pela ex-governadora, teve 6.861 votos, terminando em quarto lugar na cidade. O outro candidato rosalbista na disputa, Anax Vale (União Brasil), acabou com 2.980 votos e não ficou nem entre os 10 primeiros na votação local.

Derrota compartilhada

O prefeito Allyson Bezerra (SDD), por sua vez, também tem suas razões de insatisfação com os resultados. Apesar de aliados relativizarem o insucesso, escorando-se nas boas votações que seus candidatos prioritários tiveram, o fato é que o prefeito não conseguiu eleger nenhum dos apadrinhados. Nem Lawrence para deputado federal, nem Jadson Rolim para deputado estadual. Derrota incomum para um prefeito de Mossoró.

Terra da resistência

Por qualquer ângulo que se olhe, no entanto, Mossoró é a grande perdedora das eleições deste ano no Estado. Pela primeira vez em quase 80 anos, não terá nenhuma voz no Congresso Nacional. Na Assembleia Legislativa, terá apenas uma representante: a deputada reeleita Isolda Dantas.

Feridas abertas

É fato novo a declaração do presidente do PT potiguar, Júnior Souto, atribuindo a candidatura de Rafael Motta (PSB) como um dos fatores que contribuíram para a derrota de Carlos Eduardo, por dividir o campo de esquerda na disputa pelo Senado. Apesar de fazer todo o sentido e de ser uma tese corrente não apenas nas hostes petistas, não vinha sendo verbalizada por nenhuma liderança local do partido.

Espelho

Em outras praças, verificou-se um quadro semelhante ao visto na disputa pela vaga do RN no Senado. No Rio de Janeiro, PT e PSB também lançaram candidatos próprios à única vaga em aberto. E também perderam ambos. Lá, deu Romário (PL).

Mais para a frente

A eleição presidencial já estava com seu primeiro debate marcado para o próximo domingo (9), na Band. Mas o encontro foi adiado, a pedido dos dois candidatos. Lula e Jair Bolsonaro alegaram que precisam dedicar a primeira semana de campanha no segundo turno ao fechamento de alianças.

Novos rounds

Além do debate na Band, em data ainda a ser definida, há outros quatro programados: Rede TV (dia 18), Consórcio SBT/CNN/Estadão e Rádio Eldorado (dia 22), Record (dia 23) e Rede Globo (dia 28). Resta conferir se Lula e Bolsonaro vão a todos. 

Palanque reaberto

Mas não será por falta de oportunidade que os eleitores brasileiros ficarão sem saber o que os dois presidenciáveis têm a dizer-lhes. Nesta sexta (7), recomeça a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Com tempos iguais para os dois.

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