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Opinião

03/11/2022

Bolsonaristas eleitos não participam das manifestações que querem anular eleição

O que têm em comum nomes como Rogério Marinho, João Maia, General Girão, Robinson Faria, Benes Leocádio e Paulinho Freire? Para começar, foram eleitos em outubro para exercer mandatos federais. E o foram pela base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, com a qual se associaram — níveis de identificação e intensidade à parte.

Há algo mais que une esses representantes ungidos nas urnas pelos potiguares, um mês atrás: eles estão mantendo distância dos manifestantes aboletados em frente aos portões de guarnições militares em Natal e Mossoró para pedir por um levante que anule a eleição presidencial.

Até o momento, nenhum dos bolsonaristas eleitos no RN apareceu para dar uma palavra pública de apoio ou para tirar uma foto nas “manifestações”. Nada.

Há razões práticas para esse distanciamento dos parlamentares eleitos, todas passando por estratégias que podem ser voluntárias ou não (ainda não há muita clareza sobre este ponto). 

Uma delas está no cerne de toda a balbúrdia: a própria eleição. Ora, se não valem, como pregam os “manifestantes”, então também não valem para os eleitos aos demais cargos. Não é isso, “produção”? Ou a pretensa ilegitimidade das urnas só alcança a eleição presidencial? 

Por outro lado, fica obviamente muito complicada a situação de alguém que ainda comemora a sua vitória nas urnas ir à praça pública contestar o voto popular. 

É também muito revelador, convenientemente revelador, que os insatisfeitos que estão indo às ruas não emitam uma sílaba sobre isso. Os eleitos é que não emitirão, por razões cristalinas.

Também se diz que o movimento replicado em várias partes do país é espontâneo. Difícil acreditar nesta tese. Simplesmente não há nenhum elemento concreto que a respalde. A própria multiplicação dessas “manifestações”, com metodologias similares, formatos idênticos e até faixas com palavras de ordem padronizadas, aponta exatamente para o inverso. 

É natural em qualquer democracia que grupos possam se organizar para defender suas posições. Desde que o façam nos limites da legislação ou, como gosta de repetir o próprio presidente, “dentro das quatro linhas da constituição”. Propor a violação da lei ultrapassa esse limite. Passa a ser crime. 

A boa notícia é que as instituições brasileiras têm desempenhado um ótimo papel diante de todas as tentativas apresentadas nos últimos anos para derrubar o Estado Democrático de Direito. E indicam que permanecerão assim. 

Sob lupa

Duas centenas de representantes do Ministério Público Federal já cobram investigação sobre possíveis mentores e financiadores dos movimentos que se espalham pelo Brasil. Sim, 200 procuradores querem apuração eficiente sobre o fato. Inclusive, que se verifique se há participação do presidente Jair Bolsonaro nessas ações. A Polícia Federal deve ter acionada. Havendo comprovação de crime, quem vier a ser responsabilizado pode pegar até 12 anos de prisão.

Por escrito

“É inadmissível que qualquer autoridade, diante de uma escalada que quer suplantar a legitimidade do voto popular pela força e pela desordem, assista impassivelmente a esse cenário, sem qualquer consequência”, destacam os integrantes do MPF, em documento oficial enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, na última terça-feira.

O futuro de Rogério

O potiguar Rogério Marinho sempre teve o nome cotado para voltar a ser ministro ou disputar com chances consideráveis a presidência do Senado. Seria assim com Bolsonaro reeleito. Sem a reeleição do presidente, a primeira possibilidade fica descartada e a segunda, muito remota no momento.

Nas asas da oposição

Rogério, porém, pode fazer um papel que o credencie como um dos líderes, ou mesmo o líder, do bolsonarismo no Congresso Nacional. Conseguindo isto, terá condições de almejar voos mais altos nos próximos anos. No RN e até no plano nacional.

Postura

O presidente Jair Bolsonaro saiu das urnas derrotado, mas com 58 milhões de votos. Um capital político para poucos. Maior até que o que o elegeu em 2018. Ao invés de agir com respeito para mantê-lo ou até aumentá-lo, acaba adotando uma postura contrária aos interesses maiores do país, apenas para privilegiar sua base mais radical de apoiadores. É pena.

Questão de inteligência

Se forem inteligentes, Bolsonaro e seu núcleo mais próximo param, sim. Não para golpear a democracia, mas para avaliar o que faltou para ter os votos necessários a mais uma vitória e planejar os próximos anos de atuação na oposição. Até para tentar voltar ao Planalto em 2026. 

Escassez

Se houver inteligência, repita-se. Artigo nem sempre presente, sobretudo para quem aposta no caos.

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