Estamos chegando ao fim da campanha eleitoral mais desgastante já realizada no Brasil, ao menos desde a redemocratização do país, em 1985. Uma eleição cuja agenda acabou sendo subjugada por um noticiário marcado por atos violentos em que não faltaram relatos de episódios envolvendo uso literal de armas de fogo e até granadas.
Nem o movimento Diretas Já, nem os processos de impeachment de Fernando Collor e Dilma Rousseff, que mobilizaram tantos corações e mentes pelo Brasil em suas épocas, elevaram o nível de radicalismo político quanto a disputa entre Lula e Jair Bolsonaro.
É uma eleição inédita em diversos aspectos. Em um deles, está o fato de ser a primeira disputa direta entre um presidente no exercício do cargo e um ex-presidente de lembrança muito viva na população. Ambos muito populares. E representantes de correntes diametralmente opostas.
Revestem-se de ineditismo também as posturas extremadas que candidatos, seu entorno e seus militantes exibem nestes tempos. Extremismos que se intensificam à medida que se aproxima a hora final dos brasileiros decidirem pelo voto quem estará no Planalto a partir de janeiro.
Já naturalmente exaltados nas fases de pré e da campanha em primeiro turno, os ânimos acirraram-se a níveis sufocantes neste segundo. A ponto de descambarem para uma escalada de violência que acabou por tornar tristemente corriqueiros episódios de agressões físicas e que, desde o último fim de semana, ganhou a face de desequilíbrio do inacreditável Roberto Jefferson.
Não há paralelo de tamanho estresse político no Brasil, como o instalado neste 2022. Como não bastasse viver um clima de tensão tão massacrante, política e mentalmente, há ainda a perpectiva real de vê-lo se prolongando. Já se projeta, a sério e com base na mais pura realidade, que o grau de animosidade permanecerá acentuado nos próximos anos, independentemente do resultado do próximo domingo (30).
Assim caminha o Brasil, rumo a um futuro que continuará tormentoso. Os brasileiros e todo o seu colossal poder como nação continuarão a reboque de um contexto que em nada contribui para os resultados de que o país precisa. Ao contrário, só atrapalha.
Assim, o Brasil seguirá padecendo. Mais que nunca, precisará confirmar a proteção cantada em verso de ser um país abençoado por Deus.
Terceiro turno
Não é coincidência que o Brasil chegue às vésperas da rodada final da corrida pela Presidência envolvido em tanto tumulto. O mais novo deles, as suspeitas lançadas pela campanha de Jair Bolsonaro sobre um pretenso complô para boicotar a veiculação das inserções de sua propaganda no rádio, é a senha para o terceiro turno.
Necessidade de esclarecimentos
Com a desconfiança gerada pelo comitê bolsonarista, a partir de entrevista coletiva convocada pelo ministro potiguar Fábio Faria no início da semana, a total elucidação do caso virou questão de ordem. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, já rejeitou a denúncia por considerar insuficientes como provas os elementos que a campanha do presidente apresentou. Agora, é preciso ir a fundo, de maneira isenta e transparente, na investigação que mandou fazer sobre o caso.
Peça-chave
O pivô de todo esse processo, o servidor Alexandre Gomes Machado, demitido pelo TSE e que prestou depoimento voluntário à Polícia Federal sobre o assunto, pode também ser o centro dos esclarecimentos. A apuração aprofundada sobre seu papel em tudo o que foi deflagrado deve contribuir para desvendar todo o caso.
Revelador
É desolador constatar que uma figura tão desequilibrada como Roberto Jefferson tem influência na República nacional desde os tempos de Fernando Collor, passando pelo governo de Lula e chegando aos anos Bolsonaro. Isto diz muito. E mais até sobre os líderes da política nacional que sobre o próprio Jefferson.
Nova trincheira
Enquanto atua nos últimos dias para tentar elevar a votação do presidente no RN, Rogério Marinho se cacifa para uma nova frente: a presidência do Senado. Seu nome já circula nas rodas do poder em Brasília como candidato provável, caso Bolsonaro se reeleja.
Prestígio com o chefe
Juntamente com o também ex-ministro Tarcísio de Freitas, que está na disputa para ser o próximo governador de São Paulo, Rogério é um dos auxiliares mais citados por Jair Bolsonaro em entrevistas e debates.
Toga abandonada
Ainda há quem se impacte com os posicionamentos de Sérgio Moro, recém-eleito senador pelo Paraná. Perda de tempo. Há muito ele escolheu um lado na política. Os tempos como juiz são de um passado cada vez mais remoto.
No radar
Agora plenamente assumido como figura da política, Moro ajudou a eleger a esposa como deputada federal por São Paulo e, neste segundo turno, voltou a militar no campo bolsonarista. Aposta na meta de se destacar novamente no palco nacional e, quem sabe, ser o candidato do bolsonarismo a presidente em 2026 ou nas eleições seguintes.
No mais...
A coluna manifesta escancaradamente o seu desejo para a eleição e os dias que se seguirão ao pleito: força, Brasil!
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